Queridos amigos,
Primeiramente quero desejar a todos um ótimo ano novo.
Perto da época de festas eu sempre fico meio pensativo, mas este ano teve um significado especial, pois em Novembro, completei 3 anos de Canadá.
Aos que acompanharam minha jornada aqui desde que cheguei, sabem que eu nunca achei que ficaria aqui por mais de 1 ano. Mas com o apoio da minha família e tantas pessoas maravilhosas que conheci através deste blog, fui persistindo e acabei ficando mais e mais, e hoje já me sinto em casa aqui.
Neste tempo que fiquei aqui, aprendi mais do que imaginei que seria capaz. Cresci mais do que nunca. Já pedi vários conselhos e fiz o mesmo por pessoas que estavam chegando aqui, acompanhei jornadas de outros amigos imigrantes que chegaram. A grande maioria ficou e está vencendo e persistindo. Uns poucos voltaram. Cada um sabe o que é melhor para si, não é?
De tudo o que aprendi aqui, se me pedirem para resumir toda a minha experiência em um único conselho, seria o seguinte: venham para cá a cabeça aberta e os pés no chão.
A cabeça aberta no sentido de aceitar a possibilidade de ter que voltar alguns passos quando chegar aqui.
Ter que recomeçar algumas etapas do zero, como por exemplo, tirar carteira de motorista. Ouvi gente dizer:"Eu dirijo melhor do que o cara que me avaliou", o que pode até ser verdade, mas o governo do Canadá não sabe disso e não tem como saber se você não fizer um teste para provar sua capacidade. Este é o objetivo do teste. Por isso, não podemos nos sentir rebaixados ou desanimados porque temos que refazer algumas etapas quando chegamos aqui. Faz parte do processo de imigração.
Quando imigramos, recomeçamos nossas vida, e na maioria dos casos, recomeçamos do zero mesmo. Nova conta de banco, novo histórico de crédito, correr atrás de casa para alugar, mobiliar este casa, escola para os filhos, (re)aprender a se vestir de acordo com as estações, emprego, encontrar novos produtos de supermercado que gostamos e por aí vai. É uma lista imensa e que por mais que se tente, não tem como prever. A experiência de cada um é única.
Cabe a cada um decidir como esta experiência vai lhe atingir. Podemos aprender e seguir em frente ou empacar e ficar reclamando que as coisas não são assim no Brasil.
Quando digo que para imigrar, eu também acho importante ter os pés no chão, me refiro ao fato que todo imigrante deve estar ciente que aqui no Canadá como em qualquer outro lugar do mundo, existem problemas. Existem pessoas mal-educadas, pessoas que querem te passar para trás porque acham que imigrantes são inocentes, pessoas que tentam usar a língua como um artifício para te manipular e por aí vai. Já fui muito criticado quando me referi a este tema antes, e quero que todos entendam muito claramente: não estou dizendo que aqui é um lugar ruim, só estou dizendo que aqui não é perfeito, só isso.
Mas conselhos a parte, quero deixar claro que nunca me arrependi de ter vindo para cá. Ver a mudança das estações é algo que nunca deixa de me surpreender. E apesar de reclamar de vez em quando, eu adoro o inverno sim. Ver a beleza de um floco de neve sempre me lembra da presença de deus em nossas vidas e nosso mundo.
Só para não dizerem que estou mentindo, olhem só abaixo um foto que tirei esta semana:

E também aprendi o significado da expressão "Freezing Rain/Pluie Verglaçante"(não tenho certeza se a forma correta é: verglaçante ou verglassante, se alguém souber, por favor, me diga, ok?), que aterrorizou meus sonhos durante meu primeiro inverno aqui. Assim que cheguei aqui, meus conhecidos canadenses citavam com frequencia a grande tempestade de gelo de 1998, quando grande parte de Ontario e Quebec ficaram sem energia por semanas a fio.
Aqueles que como eu são fascinados por estes fatos meteorológicos poderão ver maiores detalhes desta tempestade
aqui, em inglês, ou
aqui, em francês.
Para os que ainda não sabem do que se trata, de forma resumida, é quando há um encontra de uma frente fria e uma frente quente. A neve derrete quando está caindo e quando chega ao chão a temperatura está tão baixa que ela congela novamente, sendo assim, formam-se camadas de gelo por toda parte, como nas plantas, nas calçadas e estradas.
Olha só a foto de um arbusto depois de um episódio destes:

Bom, depois de tanto tempo, aprendi a conviver com todas estas novidades, mas a coisa que mais levou tempo para aprender a conviver, foi a saudade.
A saudade da família, do Brasil, dos amigos é uma parte da gente que no começo é tão forte que temos vontade de voltar todo o tempo, mas com o passar dos dias, ela passa a ser uma companheira. Aprendemos a conviver com ela.
E digo a todos que estão vindo que sejam fortes, porque é uma experiência que vale muito a pena.
Ótimo ano novo a todos e um grande abraço