Sugar Bush

Amigos,

Sei que ando meio sumido do blog, mas as coisas tão andando meio complicadas por aqui (no que diz respeito a meu humor), por causa deste inverno que não termina nunca...

Teoricamente, amanhã é para chegar até 12C (acima de zero) e espero que pelo menos metade desta merda branca que está espalhada por toda a cidade suma logo, porque eu sinceramente já tô cansado.

Meu final de semana foi cansativo, já que ajudei minha chefe a mudar de casa, e como não sou um esportista, eu estava um pouquinho fora de forma, e acordei no domingo sem sentir meus braços de tanto que doíam, mas mesmo assim fiquei muito feliz porque ajudei uma pessoa muito querida aqui.

E mesmo dolorido como estou, ainda encontrei forças para ir a uma fazenda de produção de maple syrup (sugar shack) que fica em Rigaud, entre Ottawa e Montreal.

Rigaud é uma cidadezinha linda, e que tem até uma pista de esqui bem legalzinha, mas nosso objeivo lá era outro...

Chegamos à fazenda em torno de 12:30 e após uma fila de umas 20 pessoas conseguimos comprar nossos ingressos e entrar no salão principal para almoçar a comida típica das antigas...

Só posso dizer o seguinte: MUITO BOM!!!!!!! Entre velhos conhecidos como purê de batatas, almôndegas, bacon, presunto, salsicha e ovos, tivemos coisas que para mim eram novidades como feijão com maple syrup e sopa de ervilha. E como sobremesa, velhos conhecidos como torta de açúcar e panquecas.

E depois disso tudo, quem ainda tivesse espaço na barriga, ainda poderia comer syrup na neve... eles colocam o maple syrup quente na neve, e com o choque de temperatura o syrup vira um espécie de melado e com um palito de picolé na mão, a gente enrola este melado no palito e como... é muito bom...

Todas as calorias que gastei no sábado, eu recuperei no domingo e elas voltaram com reforços!!!!!!! Mas valeu a pena...

O lugar é lindo e quem tiver a chance, eu recomendo.

E em homenagem ao meu cansaço e mau-humor destes dias, gostaria de compartilhar o texto abaixo de Lula Vieira com vocês:

"Não me lembro direito, mas li numa revista, acho que na Carta Capital, um artigo levantando a hipótese de que
todoo cara que tem mania de fazer aspas com os dedinhos quando faz uma ironia é um chato. Num outro artigo alguém
escreveu que achava que jamais tinha conhecido um restaurante de boa comida com garçons vestidos de coletinho vermelho.
Joaquim Ferreira dos Santos, em "O Globo" de domingo, fala do seu profundo preconceito com quem usa a expressão "agregar
valor". Eu posso jurar que toda mulher que anda permanentemente com uma garrafinha de água e fica mamando
de segundo em segundo é uma chata. São preconceitos, eu sei.

Mas cada vez mais a vida está confirmando estas conclusões.Um outro amigo meu jura que um dos maiores indícios de
babaquice é usar o paletó nos ombros, sem os braços nas mangas. Por incrível que pareça, não consegui desmentir.
Pode ser coincidência, mas até agora todo cara que eu me lembro de ter visto usando o paletó colocado sobre os ombros é
muito babaca. Já que estamos nessa onda, me responda uma coisa:
você conhece algum natureba radical que tenha conversa agradável? O sujeito ou sujeita que adora uma granola,
só come coisas orgânicas, faz cara de nojo à simples menção da palavra "carne", fica falando o tempo todo em vida
saudável é seu ideal como companhia numa madrugada? Sei lá, não sei.

Não consigo me lembrar de ninguém assim que tenha me despertado muita paixão. Eu ando detestando certos vícios de linguagem, do tipo "chegar junto", "superar limites",
essas bobagens que lembram papo de concorrente a big brother. Mais uma vez repito: acho puro preconceito,
idiossincrasia, mas essa rotulagem imediata é uma mania que a gente vai adquirindo pela vida e que pode explicar
algumas antipatias gratuitas. Tem gente que a gente não gosta logo de saída, sem saber direito por quê. Vai ver
que transmite algum sintoma de chatice. Tom de voz de operador de telemarketing lendo o script
na tela do computador e repetindo a cada cinco palavras a expressão "senhoooorrr" me irrita profundamente. Se algum
dia eu matar alguém, existe imensa possibilidade de ser um flanelinha. Não posso ver um deles que o sangue sobe à
cabeça. Deus que me perdoe, me livre e me guarde, mas tenho raiva menor do assaltante do que do cara que fica na frente
do meu carro fazendo gestos desesperados tentando me ajudar em alguma manobra, como se tivesse comprado a rua e tivesse todo o
direito de me cobrar pela vaga. Sei que estou ficando velho e ranzinza, mas o que se há de fazer? Não suporto
especialista em motivação de pessoal que obrigue as pessoas a pagarem o mico de ficar segurando na mão do vizinho,
com os olhos fechados e tentando receber "energia positiva".

Aliás, tenho convicção de que empresa que paga bons salários e tem uma boa e honesta política de pessoal
não precisa contratar palestras de motivação para seus empregados. Eles se motivam com a
grana no fim do mês e com a satisfação de trabalhar numa boa empresa. Que me perdoem todos os palestrantes que
estão ficando ricos percorrendo o país, mas eu acho que esse negócio de trocar fluidos me lembra putaria. E para
terminar: existe qualquer esperança de encontrar vida inteligente numa criatura que se despede mandando "um beijo no coração"?"


Abraços a todos e ótima semana.

PS - Logo publicarei fotos desta viagem, mas como o blogger me odeia, eu não consigo fazer o upload de fotos estes dias...